quarta-feira, 12 de março de 2008

Cachoeira festeja 171 anos de elevação à categoria de Cidade

O aniversário de 171 anos de Cachoeira, uma das mais importantes cidades históricas da Bahia, distante 110 km de Salvador, no Recôncavo, distinguida com o título de Monumento Nacional e tombada pelo IPHAN- Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional desde a década de 70 será comemorado, nesta quinta-feira 13 de março, com uma vasta programação elaborada pela Câmara de Vereadores e pela prefeitura municipal. A programação será aberta com uma salva de tiros de festim às 6 horas. As 8h, autoridades e populares participam da solenidade de hasteamento das bandeiras do Brasil, da Bahia e Cachoeira em frente à Casa de Câmara e Cadeia, o prédio público mais antigo da cidade datado de 1702.

Em seguida, haverá um culto ecumênico com a participação de representantes de várias religiões. Logo após, terá inicio a Sessão Solene em homenagem à data Magna da Cidade, tendo como oradora oficial, a professora Noélia Limeira. Ainda como parte das comemorações, o prefeito de Cachoeira, Fernando Antônio da Silva Pereira assinará convênio de apoio financeiro da prefeitura para as centenárias filarmônicas Lyra Ceciliana e Minerva Cachoeirana. Ainda na parte da manhã, será lançado na Câmara de Vereadores, o livro “O Poder dos seus Sonhos- Projeto de Vida e Finanças Pessoais”, de autoria da mestra Contabilidade e professora universitária Yone Aparecida Santos.

À noite na Praça 25 de Junho, no centro histórico, várias bandas e cantores vão se apresentar a partir das 22 horas em homenagem ao aniversário de Cachoeira. A festa começa com Nenho e os seus Teclados, seguido do grupo Fantasmão e para encerrarde J. Araújo. A programação festiva se estenderá até domingo (16). Estão previstas apresentações como as bandas Voa Dois, Leva Nós, Chicana, Raghatoni, Agita Samba, além dos sambas de roda Filhos do Caquende e Esmola Cantada, entres outras atrações. A programação dos 171 anos de Cachoeira também inclui campeonatos de futebol, vôlei, basquete e exibição de capoeira.

Pela importância do seu conjunto arquitetônico em estilo colonial, considerado um dos mais harmônicos da América Latina, Cachoeira foi distinguida com o título de Monumento Nacional em 18 de janeiro de 1971 por decreto presidencial e tombada pelo IPHAN. Graças a essa iniciativa, o seu acervo arquitetônico composto de belos sobrados e igrejas dos séculos XVII e XVIII, foram preservados. Atualmente, Cachoeira que foi elevada á categoria de cidade no dia 13 de março de 1837, com a denominação de Heróica Cidade da Cachoeira, em reconhecimento pela participação de seu povo nas lutas pela Independência da Bahia em 1822 e 1823, passa por um momento importante de boas perspectivas para o reaquecimento da sua economia. Aos 171 anos, Cachoeira também poderá ser reconhecida como Patrimônio da Humanidade título concedido pela Unesco. Para isso, diversos segmentos da população estão aproveitando a Data Magna da cidade para deflagrar a campanha pelo tombado de Cachoeira como Patrimônio da Humanidade.

O Programa Monumenta do Ministério da Cultura com financiamento do BID- Banco Interamericano de Desenvolvimento, com contrapartida do governo federal e estadual está investindo recursos na restauração do patrimônio da cidade histórica. Diversas igrejas e prédios públicos já foram restaurados pelo Programa que também abriu uma linha de crédito especial para a restauração de imóveis particulares. Para o prefeito de Cachoeira, Fernando Antônio da Silva Pereira, a cidade vive um grande momento da sua história recente. “Os investimentos do Monumenta e as ações da prefeitura municipal têm garantido o emprego de muitos trabalhadores e o aquecimento do comércio. Tudo isso vem se refletindo positivamente na economia do município e também na vida da população”, assinalou o prefeito. Fernando Antônio cita ainda como um dos fatores que está contribuindo para dar uma nova dinâmica à Cachoeira, a instalação do campus da UFRB-Universidade Federal do Recôncavo da Bahia na cidade.

“A população ainda não está sentindo o impacto da presença de uma universidade, mas daqui a alguns anos, todos os segmentos sociedade irá se beneficiar com o funcionamento pleno da UFRB. Desta opinião, também compartilha o advogado José Luiz da Anunciação Bernardo, para quem a implantação da UFRB na cidade, representa o mais significativo investimento público para o desenvolvimento de Cachoeira, desde a inauguração da Ponte D. Pedro II em 1885 sobre o Rio Paraguaçu que permitiu a ligação entre o litoral e o até então inexplorado sertão baiano. “ A UFRB sem dúvida será um marco para a retomada do desenvolvimento de Cachoeira e do Recôncavo dentro de poucos anos”, avalia otimista o advogado Bernardo.

HISTÓRICO

Cachoeira começou a se desenvolver a partir da primeira década do século XVII, desenvolvimento este vinculado aos Dias Adorno e Rodrigues Martins, donos da terra em que fora assentada a povoação. Assim, de um grupamento de malocas indígenas, em 1606, foi convertida em freguesia em 1674, para qual um Adorno haveria de ceder, de livre e espontânea vontade, a capela de seu engenho, que um ano antes tinha reconstruído sob a invocação de Nossa Senhora do Rosário. E não passou muito tempo sem que a aldeota, situada estrategicamente no ponto final das águas navegáveis do Rio Paraguaçu, que lhe deu nome, estivesse a exigir à categoria de vila. Merecidamente, o alcançou em 1698.

Esses acontecimentos, marcos das etapas por que atravessou a Vila de Nossa Senhora do Rosário do Porto da Cachoeira do Paraguaçu, talvez não sejam suficientes para dar a idéia clara do estado de desenvolvimento em que se encontrava em fins do século XVII. Com o crescimento da economia açucareira e da atividade comercial, a vila foi prosperando, principalmente nos séculos XVII e XVIII, quando se construíram belas casas, igrejas e conventos, valiosas peças da arquitetura de influência barroca que ainda se conserva.

Graças à sua localização privilegiada, na fronteira entre duas regiões: o Recôncavo e Sertão. Para ela convergiam duas importantes vias: a Estrada Real do Gado, que atingia a zona de criação e as barrancas do São Francisco, e a estrada das Minas, partindo da vizinha São Félix se dirigia à Chapada Diamantina, Minas e Goiás. Como ponto de transbordo das vias fluvial e terrestre transformou-se em empório de uma vasta região. Durante o século XVIII, a cidade experimentou grande desenvolvimento, quando era alto o preço do açúcar e abundante o ouro do rio de Contas.

Já consolidada como vila de maior importância da província, Cachoeira projetou-se também na história política do Brasil, pelas lutas pela independência da Bahia e do Brasil, em 1822.

Em 20 de abril de 1826, o imperador D. Pedro I, assinou a Lei Imperial n° 64, elevando a vila à categoria de cidade, com a denominação de Nobre Cidade do Paraguaçu. Para isso, o Imperador fez as seguintes exigências: construção de uma ponte sobre o Rio Paraguaçu ligando Cachoeira à São Félix, construção do Cais do Porto, implantação de um colégio público no Seminário de Belém e a criação da Santa Casa de Misericórdia.

Cachoeira foi elevada à categoria de cidade, no dia 13 de março de 1873, mediante Lei Provincial n° 43. Graças a seu rico patrimônio arquitetônico e paisagístico dos mais importantes da América Latina, converteu-se em Monumento Nacional pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico e Nacional(IPHAN), conforme o Decreto n.° 68.045, de janeiro de 1971.