sábado, 8 de março de 2014

Empreendedorismo:Feira livre do Alecrim está mudando a vida de mulheres da comunidade

 Por Alzira Costa
Rejane Pereira Lisboa, dona de casa e vendedora de doces e salgados
A presença delas é predominante aos domingos na feira livre do povoado do Alecrim, na zona rural de Cachoeira, região do Recôncavo baiano, distante 8 km da sede do município, realizada aos domingos das 5 da manhã ás 13h.  A maioria das barracas está sob o comando de mulheres- sendo que algumas nunca saíram de casa para trabalhar e ganhar o seu próprio dinheiro. A oportunidade para essas donas de casas do meio rural veio com o apoio da prefeitura municipal para a implantação da feira livre do Alecrim, criada a partir de um projeto de lei, de autoria vereador Antônio Joaquim de Freitas Filho, que cumpre o seu primeiro mandato.

A proposta da feira livre foi idealizada como estratégia para combater o desemprego na comunidade e gerar renda para as famílias. Mobilizados pela APREMA (Associação de Produtores Rurais e Moradores do Alecrim), os interessados logo abraçaram a ideia e as mulheres saíram na frente. Durante as reuniões na sede da associação foram discutidas todas as propostas e os objetivos da feira, que começou com apenas 20 barracas.
 Nos próximos dias esse número será ampliado para 50, com mulheres no comando da maioria.

A dona de casa e agora empreendedora Rejane Pereira Lisboa, de 36 anos, é um exemplo de como a oportunidade na feira livre está transformando a sua vida. “Eu nunca trabalhei fora de casa, só cuidava dos afazeres e do meu marido e da criação do meu filho. Agora, estou aqui feliz, trabalhando e ganhando o meu próprio dinheiro. Esse é o meu primeiro emprego”, ela conta em tom de comemoração. Para gerar a sua própria renda, Rejane não precisou de muita coisa. Ela usa os seus conhecimentos de preparo de bolos e doces caseiros e salgados. A iniciativa está dando certo e seus produtos são bastantes procuradores pelos freqüentadores da feira. A nova empreendedora não gosta de falar sobre os lucros, prefere demonstrar  a satisfação pela atividade e força de vontade de seguir em frente para realizar todos os seus sonhos. “É gratificante e vale à pena”, ela afirma.

Firmeza e determinação também não faltam para  Regina Lisboa, 57 anos, que transformou as suas habilidades na cozinha para ganhar dinheiro com a oportunidade da feira livre do Alecrim. Com receitas simples, mas preparadas caprichosamente, a barraca que divide com a irmã, é parada obrigatória para aqueles que apreciam pratos suculentos e tradicionais do Recôncavo Baiano, a exemplo da feijoada cozida na panela de barro e no fogo à lenha. Regina conhecida pelo apelido de Nêgo, faz sucesso com seus pratos que já fazem a fama da barraca. Além da feijoada, ela vende maniçoba, mocofato (prato preparado com vísceras bovinas e mocotó) , dobradinha e galinha caipira. “São as mesmas comidas que preparo para minha família, mas não imaginava que ia fazer tanto sucesso aqui na feira”, revela. “Está tudo ótimo. A feira está sendo uma grande oportunidade para a gente gerar renda para nossas famílias”.

Em outra barraca da feira livre, onde as mulheres predominam a frente dos negócios, a dona de casa e “agora feirante”, como faz questão de frisar, Vânia Melo, 54 anos, vende pães e bolos preparados com receitas caseiras, produzidos na cozinha da própria casa, fala da satisfação de  poder estar trabalhando. “Estou satisfeita por estar trabalhando, vendendo os meus produtos. A feira é um estímulo para nossas vidas”, Vânia garante, demonstrando que assim como  outras mulheres donas de casas do povoado do Alecrim aprenderam  identificar a oportunidade e desenvolveram  meios de aproveitá-las, assumindo riscos e desafios, como novas empreendedoras da zona rural de Cachoeira.